Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que o depoimento de Pazuello à CPI da Pandemia foi repleto de contradições
O
relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse nesta
quinta-feira (20) que quer contratar um serviço de checagem para analisar a
veracidade de informações prestadas pelas testemunhas. O relator classificou os
dois dias de depoimentos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello como “um
espetáculo nunca visto, cheio de contradições e omissões”.
É
fundamental a CPI contratar um serviço para fazer uma varredura online das
mentiras ou verdade pronunciadas aqui. Em 14 oportunidades, o depoente mentiu
flagrantemente. Ousou negar suas próprias declarações. Negar tudo aquilo que
está posto não dá. É tripudiar da investigação da CPI imaginar que palavras são
jogadas ao vento — afirmou.
Renan
Calheiros anunciou ainda que deve apresentar um relatório preliminar sobre os
primeiros 30 dias de investigação. Desde o início dos trabalhos, a comissão
realizou dez reuniões, ouviu oito testemunhas e aprovou 235 requerimentos.
A
apresentação do relatório preliminar foi um pedido do presidente da CPI,
senador Omar Aziz (PSD-AM). Segundo ele, o objetivo é assegurar que o conteúdo
de depoimentos como o do ex-ministro Eduardo Pazuello “fique vivo” entre os
integrantes do colegiado.
A
testemunha desde ontem [quarta-feira, 19] tem tangenciado bastante e não tem
contribuído. Pedi ao senador Renan Calheiros que faça um apanhado dos primeiros
30 dias de trabalhos. Um relatório preliminar para que fique vivo e não digam
que a CPI está descambando — justificou.
“Rota de colisão”
Na
reunião desta quinta-feira (20), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) elogiou o
desempenho de Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde. Para o
parlamentar, o ex-ministro teve coragem de assumir a pasta quando outros
“pularam fora”.
A
imagem que eu vejo é a de um avião em rota de colisão. Os pilotos pulando fora,
os ex-ministros pulando fora, cada um com o seu argumento, cada um com a sua desculpa,
deixando os brasileiros na mão. O senhor não se intimidou: sentou na cadeira do
piloto e tocou da melhor forma que poderia ser — disse a Pazuello.
O
senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) rebateu. Usando a mesma analogia, o
parlamentar resgatou o número de mortos e infectados pelo coronavírus durante a
gestão do general.
Quando
o senhor assumiu o ministério, o Brasil tinha 15 mil mortos e 280 mil casos.
Quando saiu, o senhor deixou 233 mil mortos e 11,5 milhões de casos. “Caíram”
nesse período quase 2,4 mil aviões. Uma média de cinco aviões por dia — afirmou
o senador, que ainda indagou Pazuello quanto ao fechamento de um hospital
federal de campanha em Goiás e confrontou as declarações do ex-ministro quanto
à busca por vacinas.
Vidas perdidas
A
senadora Simone Tebet (MDB-MS) detalhou o período de Pazuello à frente da pasta
e o confrontou com as declarações e respostas do ex-ministro à CPI. Ela listou
as dificuldades do Brasil na pandemia, com a falta de vacinas, de oxigênio, de
medicamentos para intubar pacientes em estado grave e até de seringas e leitos
hospitalares. Também ressaltou a desinformação da população e a falta de
iniciativa do Ministério da Saúde para apressar a obtenção de vacinas. Simone
Tebet lembrou que, em outros países, a vida da população começa a voltar a
normalidade por conta da vacinação.
O
mundo já está tirando as máscaras, e a gente está de joelhos pedindo doses
extras de vacina a Estados Unidos, Índia e China. O epicentro da pandemia no
Brasil não é obra do acaso. As 441.864 vidas perdidas prematuramente por
conta de omissão ou ação dolosa de quem quer que seja dizem tudo sobre as ações
e omissões de 'quem manda e de quem obedece' — afirmou a senadora.
Cloroquina
Para
o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), o número de vítimas poderia ter sido
menor se o Brasil tivesse adotado o “tratamento precoce” com drogas como a
cloroquina, cuja eficácia não é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Para ele, o medicamento deixou de ser usado por “guerra ideológica”.
Se
adotássemos esse tratamento, a letalidade no Brasil não seria 2,8%. Seria 1,4%.
Teríamos 220 mil mortos. Alguém é responsável por isso. Genocida é quem pratica
esse fato — disse Heinze.
Fonte:
Agência Senado
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